Que não é tão simples assim encontrar maquiagem para pele negra, a gente já sabe. Também já sabemos que a indústria de beleza nunca caminhou ao lado da futilidade e revela questões políticas em seus produtos. Mas o que tudo isso tem a ver com empoderamento negro?
Antes que sejam tecidas críticas ao movimento de valorização da estética negra, quero dizer que tenho consciência de que essa não é a questão mais urgente no movimento negro. Enquanto escrevo esse texto, negras e negros são assassinados, o que coloca o genocídio de nosso povo com a questão mais importante no momento.
Os dados mais recentes do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial mostram que os jovens negros são as principais vítimas de homicídios e, em média, têm 2,5 vezes mais chance de morrer do que uma pessoa branca. No Nordeste, região com maior distância entre a taxa de homicídios de jovens negros e brancos, esse número chega a quase 4 vezes. Porém, dizer que a valorização da estética negra é superficial, é não compreender a complexidade do racismo que transpassa várias esferas.
A doutora em Antropologia Social Nilma Gomes afirma que a perversidade do regime escravista materializou a forma como o corpo negro é visto na sociedade brasileira. As diferenças físicas entre os corpos de negros e brancos foram usadas pelo colonizador branco europeu para justificar suas intenções políticas e econômicas. Essas mesmas diferenças serviram para construir um padrão de beleza e fealdade.
Acreditar que os traços negros são feios e precisam ser disfarçados ou anulados é uma estratégia do racismo que não valoriza nossa beleza.
Camila Lima (foto abaixo) é maquiadora em São Paulo e trabalha de forma parecida com a minha. Ela acredita que a maquiagem é um instrumento que soma na luta diária que é ser uma mulher negra. “Quando eu faço a maquiagem completa e a cliente se admira na frente do espelho, é a minha forma de mostrar para aquela mulher negra que, sim, ela é bonita e talvez tenha faltado alguém falando isso na infância ou adolescência dela”, conta.
Camila diz que a maquiagem teve fases diferentes ao longo de sua vida pessoal. Na sua adolescência, passar um batom nos lábios grossos foi uma maneira que ela encontrou de se achar bonita. Mais tarde, ela assume ter passado um tempo dependente da maquiagem para se sentir bela, mas que logo passou. Hoje ela diz que seus produtos ressaltam o que ela tem de melhor.
“Minha boca, meu nariz e meus olhos estão aqui e são lindos. A maquiagem vem para adicionar cor e mostrar que meus lábios de negra são bonitos, que meu olhar é forte e importante”, assegura.
A estudante Maria Augusta (primeira foto, vídeo abaixo) também pensa o mesmo. Em comparação com Camila, ela se vê ainda menos representada na mídia por ter a pele escura. Ela faz misturinhas caseiras para a maquiagem chegar no seu tom. Guta é uma das seguidoras mais antigas do blog e participou da minha primeira turma do curso de automaquiagem. Para ela, a maquiagem é um jeito de se sentir bem para encarar o mundo. “Hoje não vivo sem meu batom vermelhão. Eu saio me achando”, afirma.
Amanda Coelho não pensa duas vezes antes de falar que maquiagem é empoderamento na vida dela. Para a cabeleireira da Divas Hair Style, a estética é uma forma de se revigorar enquanto mulher negra. Apesar de ainda escutar muitos comentários dizendo que seus batons e cabelos coloridos são exagerados, ela não liga em romper com os padrões chamando atenção. “ Deixo a sociedade em choque com minha autoestima e posicionamento quanto mulher preta”, diz.
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Ela também diz que a maquiagem fez parte no processo de reconhecimento enquanto afrodescendente. Não importa se os lábios forem muito grossos para usar um batom verde, por exemplo, entretanto Amanda diz entender as meninas que gostam de cores sóbrias e aponta para um fortalecimento coletivo das mulheres a ponto de não dar ouvidos para opiniões que as desvalorizam.
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